Love ♥
"Love is a polaroid. Better in picture."
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"Love is a polaroid. Better in picture."
Eu queria. Juro que queria. Mas não consigo. Não sou capaz. Mal te consigo olhar nos olhos, quanto mais dizer-te tudo o sinto. Sou cobarde e perco muito com isso. Perco tudo e percebo que isto nunca vai ter pernas para andar. Remamos para lados opostos e não saímos do mesmo sítio. O barco acaba por ir ao fundo e eu vou com ele. Afogo-me e tu deixas-te à deriva. Olho-te nos olhos mas não reages. És sempre assim. Todos os dias. E eu não sei o que fazer. É tão errado que nem o destino nos quer juntos. Eu sou a única a querer.
São poucas as vezes que isto me acontece. Sentir-me perdida é raro. Felizmente. Mas neste momento não sei bem o que fazer à minha vida. Não sei para que lado remar. Ainda mais por não saber para onde vai o teu barco. Era tudo mais fácil se me desses orientações, se me guiasses. Mas o que sabes fazer melhor é deixar-me à deriva. Já passou algum tempo. Pouco, é certo. Depois de tudo, acreditei que não ia dar em nada. Não deste um único passo na minha direção. Não me deste nem um sinal de que querias resolver as coisas. E por isso conclui que era assim que querias ficar. Tu no teu canto e eu no meu. Acabei por aceitar. Não era bem a minha vontade mas aceitei. Aceitei que não ia passar disto. Vi-te menos vezes e achei que estava a ultrapassar. Se os olhos não vêem, ajudam a mente a esquecer. Mas entretanto tinha que acontecer algo para destabilizar. Sabia que ias lá estar porque toda a gente lá estava. Seria inevitável o nosso encontro ali. Naquele momento. Não nos aproximámos, já estava à espera. Mas senti algo diferente da tua parte. Sei que estiveste de olhos postos em mim a maior parte da noite. Eu fiz o mesmo. E quando os nossos olhares se cruzavam, havia uma faísca tão grande que ia jurar que havia química. Tentei dizer-te tudo o que queria com o olhar. Não sei se também tentaste mas não consegui perceber. És um enigma. Difícil de decifrar. Mas senti que foi diferente. Nunca me tinhas olhado assim. Até agora só sentia indiferença e afastamento da tua parte. Desta vez foi diferente. Queria falar contigo mas não consegui. Não tive coragem. Eu só queria esclarecer tudo! De uma vez por todas. E depois de olhar para ti achei mesmo que tínhamos muito por esclarecer. Só queria acabar com estes fantasmas. Mas tenho medo. Medo de te ser indiferente. Não te percebo mas dava tudo para perceber. E eu sei que isto provavelmente não nos vai levar a lado nenhum, tal como tem sido até agora. Mas agradeço-te só por me teres feito esquecer a pessoa de quem mais gostei na minha vida. Mesmo sem saberes. Mesmo sem teres feito quase nada. Só isso é um motivo para querer estar a teu lado... Mas não sei se sou digna de ti.
Achei que talvez pudesse ser contigo. Talvez pudesses ser tu. O tal. Aquele por quem esperava. Muitas vezes dizem que é alguém que nunca imaginámos. Foi tão inesperado que achei que eras tu. Nunca tinha olhado para ti dessa forma e assim batia tudo certo. A surpresa, o imprevisto. Foi tudo tão repentino que acreditei. Mas a minha cabeça faz tantos filmes que podia ser realizadora. Pensei que seria contigo. Juro que pensei. Já te conhecia de vista há tanto tempo. Como pude ver-te de maneira diferente naquele dia? E só aí vi que tinhas tudo o que queria. Tudo o que eu procurava. Cada pedaço de ti assentava no que idealizei. É pena que cada pedaço de mim não seja o teu mais profundo desejo. Pergunto-me como seria se não tivesse saído de casa naquele dia. Estive quase para não ir. Mas fui. Fui e vi-te. Fui e estive contigo. Como nunca tinha estado. Pensei que seria o início de algo. Pensei mesmo. Mas o princípio e o fim deram-se no mesmo momento. Tão depressa fomos como deixámos de ser. Agora encaramo-nos como desconhecidos. Vejo-te e a taquicardia apodera-se de mim. Vale-me o ver-te poucas vezes ou o meu coração não aguentaria. Olho-te nos olhos com receio e tento arrancar alguma coisa de ti. Foges sem poder dizer-te algo com o olhar. Não sei o que pensas e não me deixas perceber. Só queria um sinal. Só te queria entender. Mas não deixas... Gostaria que tivesse sido diferente. A sério que gostaria. Para mim foi tudo no tempo certo. Para ti foi a pessoa errada. Só pode ter sido.
O amor anda no ar mas eu não o respiro. Falta-me o ar. Sufoco-me involuntariamente. A solteirice tem o seu lado bom mas culmina em saturação. E eu sinto-me cansada de não amar. Digam o que disserem, ninguém deseja estar solteiro. Não por muito tempo. Ao início parece um pequeno paraíso. Tem o seu período de incubação. Mas quando a solteirice se instala a sério, mostra que veio para ficar e anuncia os primeiros sintomas, percebemos que não é a melhor coisa do mundo. Surge a carência, a necessidade do outro. A falta da felicidade extrema e o sorriso parvo e inesperado. As mensagens às tantas da manhã e as saídas românticas. O dormir aconchegado pelo calor humano. O amor carnal. Aí percebemos que se calhar alguma coisa faz falta. O amor faz falta. Vejo tantos casais por aí. Felizes. E começo a pensar que o problema sou eu. Se calhar não fui feita para amar. Ou para ser amada. Às vezes temos de aceitar as coisas como elas são. Mesmo que estejam longe de ser o que idealizámos. Estou farta dessas tretas do "Há-de chegar o teu momento" e mais uma data de frases feitas que nos tentam impor para que doa menos. Para atenuar a solidão. Para nos dar a esperança de que um dia talvez encontremos alguém que nos dê tudo só com o olhar. Para mim, essa é das coisas mais difíceis de sempre. Encontrar a pessoa certa. A peça que falta encaixar no puzzle do coração. Desfeito em mil pedaços. Para os outros parece simples. A mim parece-me uma missão impossível. O defeito só pode ser meu. É mau demais para ser azar. É tempo a mais para ser castigo.
"I don't wanna play the broken-hearted girl."
Eu não sou do tipo lamechas. Do tipo romântica incurável. Eu não sou do tipo que chora com todos os filmes. Não sou do tipo emocional, frágil e carinhosa. Não trato toda a gente por amor nem faço declarações constantes de afecto. Eu não sou o tipo de pessoa naturalmente fofinha. Não sou do tipo que se entrega facilmente nem que se dá a conhecer por inteiro. Eu não sou do tipo amorosa nem penso tanto com o coração. Sou do tipo mais racional. Pés assentes na terra. Sou do tipo reservada. Fechada em copas. Guardiã das minhas próprias emoções. Guarda-costas do meu coração. Eu não sou do tipo que acredita em finais felizes e amores perfeitos. Não sou do tipo que acredita em almas gémeas, príncipes encantados. Não sou amiga de todos nem conhecida por meio mundo. Digo o que penso mas não penso tanto no que digo. Eu sou do tipo que gosta da solidão momentânea. Do tipo que tenta mais que tudo mostrar que é muito forte. Inquebrável. Eu sou do tipo que obriga a uma distância de segurança. Que observa mais do que aparenta ver e que não permite aproximações sem certezas. Eu sou o tipo de pessoa fria. Cubo de gelo que não derrete com os primeiros raios de sol. Coração de pedra. Eu já amei a sério e tive a maior desilusão da minha vida. Eu já fui tudo o que não sou mas deram-me razões para deixar de o ser. De que vale a entrega de alma e coração quando o sofrimento supera a vontade? Não vale a pena amar em vão se não temos a outra metade.